.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Apoio que alivia a alma

"LIBERTAS QUAE SERA TAMEN

Em apoio à greve dos professores da rede pública do Estado de Minas Gerais.
**

Certamente, os cem dias de greve têm ensinado lições mais importantes do que as propostas nos milhares de dias letivos dos quais nossos estudantes já participaram ao longo da vida. Esta greve - que é histórica e, acima de tudo, justa e salutar, diga-se de passagem - traz inúmeros benefícios para toda a sociedade brasileira. Tenho absoluta certeza de que os protestos, a angústia e a luta dessa classe faz toda a diferença na formação de uma nova mentalidade que vem surgindo no Brasil. Mas que bom que já temos coragem de sair às ruas para reclamar sobre o ensino público esfacelado que nos é dado! Que bom que não mais ficamos apenas na habitual reclamação, "ai, como seria bom se o professor fosse melhor preparado, e se houvesse uma cadeira para que ele se sentasse e fizesse a chamada!". Que bom que finalmente o plano das idéias encontrou o plano concreto da realidade! Aplaudo de pé aqueles que fizeram esse encontro acontecer!
Essa greve mostra muito mais do que professores indignados... Mostra um povo brasileiro cansado de ser levado "no banho maria" pelo governo... Cansado de ser enganado com promessas eleitoreiras. Mostra um povo que finalmente descobriu o poder que tem. É o povo clamando pelos seus direitos! É o povo que paga imposto e quer ver pra onde vai esse dinheiro! É um povo que tem coragem de mostrar a cara, bater no peito e dizer sem hesitar: Dai a Deus o que é de Deus, e a César o que é de César! Eu quero o que é meu, do meu direito eu não abro mão!
E então o povo começa a se questionar. E então a maravilha se completa. Se há dinheiro para viagens fabulosas, contas milionárias, mensalão, mensalinho e seus variantes, se há dinheiro para mansões ilegais e toda espécie de corrupção diariamente anunciada nos meios de comunicação, se há dinheiro suficiente para bancar toda essa baixaria, por quê não há dinheiro para pagar o trabalhador?! Esse dinheiro agora tem que aparecer...
Porque o Brasil não tem fome só de Matemática, Português, História e Geografia. Nem só de cultura. O Brasil também é um faminto de justiça, de honestidade e transparência. E, particularmente, acredito que toda a Física, o Português, a Geografia ensinados servirão de NADA se o povo não aprender o básico do básico... que é conhecer os seus direitos, lutar por eles. Aí sim, quando buscarmos nossos direitos, reclamarmos por eles, veremos a mudança que tanto sonhamos... Porque um povo esclarecido e consciente é mais difícil de ser enganado! É a luta da sociedade pelo que é seu de direito que fará com que o dinheiro dos impostos seja melhor empregado. E então passará a haver dinheiro para pagar um salário digno a qualquer trabalhador... haverá um sistema educacional do qual a gente possa se orgulhar. E então, finalmente, nossos alunos aprenderão DE VERDADE Português, Matemática... porque aprenderam antes o fundamental:CIDADANIA!
Nada mais apropriado que essa revolução comece justamente pelos professores... eles, os responsáveis pelo ensino e formação de nossas futuras gerações, tem toda a moral para dar esse exemplo.
A vocês, queridos formadores do Brasil que seremos, meu apoio e minha admiração.
A vocês, queridos MESTRES, meu respeito.
Obrigada por abrirem nossas mentes para o caminho do respeito a nós mesmos, ao nosso país e ao que somos. Obrigada por nos mostrarem que não devemos aceitar a injustiça e a mentira; por nos dizer que não, não devemos aceitar um salário injusto, que desvaloriza o nosso trabalho.
E, principalmente, obrigada por nos ensinar a valorizar a nós mesmos.
Ana Teresa Araújo Viana, 17 anos.
Publicado no blog: www.deixaaalmarespirar.blogspot.com

Admirável a interpretação de Ana Tereza, acerca do nosso movimento de greve. Este apoio, com certeza, nos alivia a alma, pois estas aulas de cidadania que estamos dando nas ruas tem o propósito maior de conscientizar os estudantes; para que assim compreendam a nossa luta. É como disse Dom Tomás Baduíno: "A greve dos professores em Minas está sendo uma verdadeira escola libertadora..." Pena que muitos não compartilham dos mesmos pensamentos. Paulo Freire já dizia " O que me surpreende na aplicação de uma educação libertadora, realmente, é o medo da liberdade."Para nós, educadores em greve, o medo tem alguma utilidade, mas a covardia não.

Você tem fome de quê?


Você tem fome de quê?( texto extraído do blog de Beatriz Cerqueira) Reflitam companheiros!!!

Nesta segunda-feira, a partir de 16:30, dois companheiros, Marilda - professora de Ciências na cidade de Divinópolis, da comissão de negociação do sindicato e da Secretaria de Organização da CNTE - e o Abdon, chamado carinhosamente de "Bidu" pelos amigos, Assistente Técnico lotado na Superintendência Regional de Ensino de Varginha, membro da Direção Executiva da CUT Minas - iniciaram uma greve de fome por tempo indeterminado. Por ser por tempo indeterminado, eles dormem nas dependências da Assembleia Legislativa.
Se colocar à disposição de um movimento coletivo como a nossa greve com uma ação individual como os dois companheiros fizeram merece o nosso reconhecimento.
Aqui não se trata de uma competição para identificar quem é mais combativo, ou identificá-los de qual "núcleo" eles pertencem. Trata-se de um ato de protesto para abertura das negociações.
O Governo do Estado insiste em apresentar números para dar a idéia de uma greve com baixa adesão. Por isso tentou trabalhar a idéia de que a categoria voltou a trabalhar nesta segunda-feira. Além disso, a Secretaria de Educação chegou a divulgar um "calendário de reposição". Precisa ser muito submisso e desrespeitoso com o colega que está na luta para aceitar qualquer calendário enquanto a greve continua. Esta idéia de calendário somente acontecerá se a categoria aceitar. A greve continua com adesão em todas as regiões do estado e a decisão do Desembargador não trouxe o impacto negativo que o Governo esperava.
Durante as últimas assembleias eu abordei a mesma questão: quem abandona a luta e volta para a escola, além de contribuir para fortalecer o governo do estado (por isso ele já agradeceu publicamente) fica vulnerável para sofrer penalidades. O governo recua em relação às penalidades quando a categoria se mantem unida. Vários colegas postaram questionamentos relativos à suspensão de férias prêmio, designados impedidos de realizar reposição, designados impedidos de concorrer à designação. Estes são alguns exemplos de ações de punição. Não consigo entender como as pessoas aceitam estas punições e ficam pacificamente na escola. Sem salário as pessoas já estão e voltar agora, não garante o salário no próximo mês.
A pergunta que me fazem é: "o que fazer?". Vou responder: volte para a luta coletiva, fortaleça a nossa greve.
Postado por Beatriz Cerqueira às 18:53